As Entidades Hindus: Deuses, Deusas e Energias Cósmicas
- Rádio Estelar - A Rádio do Planeta

- 6 de set.
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O hinduísmo é uma das mais antigas tradições espirituais do mundo, com raízes que remontam há mais de 5 mil anos. Diferente de uma religião monoteísta ou politeísta no sentido ocidental, o hinduísmo apresenta uma cosmovisão complexa na qual o divino se manifesta em múltiplas formas, todas representando aspectos de uma realidade suprema chamada Brahman – o princípio universal eterno e absoluto.
As entidades hindus, chamadas devas (seres de luz ou deidades), são expressões dessa energia cósmica que se apresenta de modo acessível ao devoto. Cada uma delas simboliza princípios, forças universais e arquétipos psicológicos.

A Trindade Hindu – Trimurti
No centro da tradição, encontramos a Trimurti, que representa os três aspectos fundamentais da manifestação do cosmos:
Brahma – O Criador: responsável pela criação do universo e da vida. É geralmente representado com quatro faces, simbolizando os quatro Vedas (escrituras sagradas).
Vishnu – O Preservador: mantém a ordem cósmica (dharma) e manifesta-se em diferentes avatares, como Rama e Krishna, para restaurar o equilíbrio quando o mal ameaça prevalecer.
Shiva – O Transformador: também chamado de Mahadeva, é o princípio da transformação, destruição e renovação. Shiva dissolve o velho para dar espaço ao novo.
As Deusas – Shakti, a Energia Divina
No hinduísmo, o princípio feminino é essencial. Conhecido como Shakti, é a energia dinâmica que dá vida ao universo e se manifesta em diversas formas:
Parvati – Consorte de Shiva, deusa do amor, fertilidade e devoção.
Durga – A guerreira que combate forças demoníacas, símbolo da proteção e da vitória do bem.
Kali – Aspecto feroz da transformação, destruidora do ego e da ignorância.
Lakshmi – Deusa da prosperidade, abundância e beleza, consorte de Vishnu.
Saraswati – Deusa do conhecimento, sabedoria, música e artes.
Cada deusa representa não apenas poderes cósmicos, mas também aspectos da psique humana e da jornada espiritual.
Outras Divindades Importantes
Além da Trimurti e das grandes deusas, o panteão hindu é vasto. Entre os mais cultuados, destacam-se:
Ganesha – O deus com cabeça de elefante, senhor dos começos e removedor de obstáculos. É invocado antes de novos projetos e empreendimentos.
Hanuman – O devoto macaco de Rama, símbolo da força, coragem e lealdade.
Krishna – Um dos avatares de Vishnu, celebrado como guia espiritual e divindade do amor divino. Seus ensinamentos estão no Bhagavad Gita.
Rama – Outro avatar de Vishnu, herói do épico Ramayana, modelo de virtude, honra e dever.
Entidades Cósmicas e Filosofia Espiritual
É fundamental compreender que, no hinduísmo, as divindades não são vistas como deuses separados entre si, mas sim como diferentes expressões do mesmo absoluto. O culto a uma entidade não nega a outra, pois todas são manifestações do Uno.
Esse entendimento é chamado de henoteísmo ou monismo devocional: acredita-se em uma única realidade suprema, mas se escolhe uma forma (ishta-devata) para se relacionar com o divino de maneira pessoal.
Símbolos e Significados Espirituais
Cada entidade traz símbolos que orientam o devoto em sua prática espiritual:
A flor de lótus – pureza espiritual que floresce no meio do mundo material.
O tridente (trishula) de Shiva – os três estados da consciência (vigília, sonho e sono profundo).
A concha (shankha) de Vishnu – o som primordial “Om”, origem da criação.
O veículo (vahana) de cada deus – animais sagrados que representam virtudes ou forças da natureza.
Conclusão
As entidades hindus formam um universo rico de símbolos, arquétipos e forças divinas que permitem ao ser humano compreender o infinito através de imagens acessíveis. Elas não são vistas apenas como seres externos, mas como aspectos da própria alma humana e da energia cósmica presente em tudo o que existe.
Assim, ao invocar Ganesha para remover obstáculos, Lakshmi para atrair prosperidade ou Shiva para a transformação, o devoto conecta-se com energias universais e desperta esses mesmos princípios dentro de si.
O hinduísmo nos ensina que o divino é múltiplo em formas, mas uno em essência – e que todas as entidades, no fundo, são reflexos da consciência suprema chamada Brahman.
Fonte: Artigo criado por Julio Terapeuta





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